Esta semana a querida Narda do Hi-Lo compartilhou um texto incrível da Ju Romano que expressa muito bem o que venho sentindo há algum tempo em relação aos blogs de maneira geral: tudo agora é profissional, automatizado, terceirizado e não mais o que era lá no começo, em 2009 quando comecei o Lipstick Corner, por exemplo. Naquela época (e antes até), o legal do blog, era ver uma pessoa, como você, compartilhando do seu cotidiano, dando dicas de como tornar a vida mais prática em todos os níveis, de beleza, passando por culinária, música, tecnologia, games e o que mais você quisesse. Hoje as pautas são elaboradas. Blogs ainda levam este nome, mas possuem redação, jornalistas e estão quase tornando-se verdadeiros portais. As fotos são produzidas e não vale mais fotografar com aquela câmera compacta que a maioria de nós tinha; as pautas são bem pensadas a fim de promoverem assunto “x” ou “y”, ou mais ainda, para falar ao público sobre o que está “bombando no momento”, sejam fofocas ou as últimas tendências de desfiles internacionais. Perguntas como “como reaplicar o protetor solar sem desmontar a maquiagem toda depois do almoço”, “como preparar uma mala para viajar enxuta e sem que ela seja Louis Vuitton” e assim por diante, ficaram um pouco esquecidas, já que poucos também, são os blogs que se mantiveram fiéis ao seu propósito até hoje.
Por estas e outras, desde que comecei este blog, nunca, nunca mesmo me considerei blogueira. Sou muito feliz de não depender disto para me sustentar e ter a liberdade de falar o que quero, na hora que quero, do jeito que achar melhor. Não faço compras em Nova Iorque – embora, confesso, gostaria muito, pego ônibus todos os dias para ir trabalhar das 9h até sabe-se lá que horas, me olho no espelho no final do expediente e minha pele está mais brilhante do que minha bijoux, chego em casa cansada e muitas vezes não tenho forças nem vontade para vir aqui. Não viajo todo mês, aliás, faz um bom tempo que não saio de São Paulo se quer. Ou seja: sou uma pessoa completamente normal que passa pelos mesmos “perrengues” que todo mundo. Criar essa coluna “Aleatoriedades de Segunda” foi um dos jeitos que encontrei para tornar o que estava ficando completamente sem personalidade, em algo mais humano, pessoal. É um cantinho para que eu possa conversar com vocês sobre qualquer coisa que não seja beleza, afinal, mesmo trabalhando em um e-commerce de cosméticos, eu não vivo para isto 24 horas por dia, 7 dias por semana.
Sou sim designer, mulher, filha, namorada, irmã, prima, amiga, mas acima de tudo isso, sou um ser humano e quero, dentro do possível, ajudar vocês com o pouco de conhecimento que tenho para compartilhar.
As campanhas da Dove sempre me fascinam. É uma boa jogada de marketing, porque elas realmente falam com as mulheres, abordando de forma muito delicada assuntos que podem até ser julgados banais, mas tem um senhor impacto na nossa auto-estima. Este último por exemplo, falou direto com a Gabi lá da infância e da adolescência, que não aceitava, de jeito nenhum seu cabelo cacheado e que perdeu muitas oportunidades por conta disso. Só o amadurecimento me fez ver a beleza que havia em ter o cabelo diferente do padrão. E mais que isso: de repente, todo mundo tem um modelador de cachos em casa, porque o liso escorrido também já não é mais o padrão. Isso só prova que, um dos maiores desafios que temos na vida é aceitar a nós mesmas. Quantas vezes você já não olhou para o espelho e viu muitos, mas muitos mais defeitos do que qualidades? Quantas vezes você não quis ser como aquela celebridade da televisão, ou aquela moça da capa da revista? Estas mídias que vendem o sonho do corpo perfeito, vestindo as roupas perfeitas com a maquiagem perfeita. E cada vez que nos comparamos à estas pessoas quase irreais, nossa auto-estima vai lá para baixo.
Talvez seja hora de se imaginar na capa da revista. De se aceitar como é. E se algo te incomoda a ponto de você não conseguir conviver com aquilo, mude. Mas mude afim de buscar o conforto de estar em sua própria pele. Mude para ser feliz consigo mesma e não para ficar com a barriga negativa de fulana ou ciclana, só porque está na moda. O mundo carece de pessoas autênticas e esta é a hora certa para mostrar quem você é. Tem uma frase do dramaturgo e escritor Oscar Wilde que eu gosto muito e que resume perfeitamente o que penso sobre este assunto: “seja você mesmo. Todas as outras personalidades já existem“.
Se tem um lugar do mundo em que eu não me importaria de passar calor, é em Paris! Aliás, acredito que o verão por lá, seja muito lindo! Mas como por hora eu só tenho mesmo a cadeira e a mesa do escritório, pelo menos a playlist dessa semana é para fazer de conta que você é uma parisiense très très chic, com sua saia evasê, passeando pela Champs-Élysées.